terça-feira, 19 de agosto de 2008

detesto

detesto me sentir assim tão sozinha. parece que a qualquer momento eu sairei correndo de casa, só de cueca, pra abraçar a primeira pessoa que eu encontrar pela frente...

não é a toa que tem tantos tarados pelas noites... bem, eu nunca vi nenhum, mas todo mundo diz que eles existem aos montes...

maldita solidão. só me faz ter idéias idiotas. nada que valha o esforço. afinal, o que fazer quando alguns milhares de quilômetros nos separam do nosso objeto de desejo? amor com dia e hora marcada... quem dá conta dessa merda? eu não dou.
queria poder ligar pra o meu namorado (se eu ainda tivesse um) e dizer quero te ver hoje, e vê-lo. talvez dormir junto com ele, ouvindo sua respiração constante. não consigo dormir juntinho com ninguém, mas só porque a porra da solidão me aperta agora, era o que eu mais queria. uma merda.
mas uma amiga minha disse que isso é saudade, o que eu sinto, e que saudade passa. tomara que passe mesmo. passe pra mim e pra ele. será que ele já dormiu ou continua insone feito eu? eu disse que não queria mais falar com ele. mentira. eu minto muito pra ele. minto porque não dá pra enfrentar a verdade nesse caso não. mas eu digo a verdade também quando é necessário. eu queria esquecê-lo, na verdade. mas na verdade eu acho que não vai dar não. então eu minto e digo que é melhor a gente não se falar. isso não é melhor. não sei nem se é o menos pior. é só o mais prático. mais dia menos dia a gente vai acabar se esquecendo um do outro. já esqueci tanta gente... ele já deve ter esquecido tanta gente também... vai me esquecer. eu sei. outra verdade dolorida. além do mais, tem muito mais mulher no mundo que homem. homens não ficam sozinhos muito tempo. a maior parte não fica sozinho nem pouco tempo! eu já nasci só. cresci só. por que, diabos, seria diferente agora? pelo menos ainda tenho amigas pra me dizer que vai passar...
a solidão é uma merda.
se infiltra em tudo.
até nas músicas que tocam no rádio. nas árvores enormes de raízes enormes. em cada um dos felizes casais que insistem em aparecer na minha frente pra esfregar na minha cara o que eu queria ter e não tenho. odeio casais felizes. não, não odeio não, só sinto uma terrível inveja deles.
agora vou dormir. preciso chorar na minha cama que é lugar quentinho. dois edredons pra dar aquela sensação de aconchego que eu não tenho na minha própria cama... e continuo dormindo bem no meio dela pra fazer de conta que não falta ninguém ali comigo. ninguém que ocupou tão pouco tempo aquele lugar ali ao lado que eu ocupo pela metade pra fazer de conta que nunca existiu. nunca é o bastante. jamais terá sido bastante o tempo que a gente passou junto.
o final é como uma morte. sempre morre um pedaço de mim. e de pedaço em pedaço, o que sobrará de mim em mim? deve ser por isso que ando tão mudada, tão outra pessoa. de pouco em pouco que morreu, outra coisa brotou no lugar. outra coisa que não sou eu. que não era eu. outra coisa que cresce feito erva daninha e sufoca o que resta do que era eu de verdade. dura. eu era dura. resistente. agora ando chorona. sensível. porra de sensibilidade do caralho! foda-se a sensibilidade! foda-se a vontade de chorar no banheiro do trabalho! pra que tanta lágrima? pra quê?! foda-se essa coisa que está se apossando do que me resta de mim.
essa merda de correr atrás da porra do equilíbrio. tô cansada dessa merda. tô cansada de tanto correr pra me equilibrar. um dia abraço o desequilíbrio. aí é que eu quero ver! aí é que eu quero ver!

boa noite pra você, se é que você existe. se não existe, tudo bem, quase nada do que eu vejo existe...