sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Bebo seu vinho porque não alcanço seus beijos...

domingo, 25 de agosto de 2013

Poeta

Ele é poeta, contudo fala pouco.
Gosto dos silêncios que ele preenche com beijos e risos.
Ele sorri o tempo todo.
Comecei ao contrário com ele, detestando esse sorriso perene porque eu sempre implico com a felicidade alheia.
Agora quando vejo que sorri, sinto um conforto enorme.
Ele fala pouco e lendo seus poemas entendi porquê.
Agora eu fico mais calada também e é bom não precisar dizer nada, nem o óbvio e nem o obscuro.

Agora eu gosto dele porque o conheci pelos sentidos, pelo corpo.
Eu me calo para sentir mais.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Luar

Uma lua cheia, escancarada, daquelas enormes no céu de Agosto em Brasília. Eu a vi por entre os galhos retorcidos da árvore ao lado do ponto de ônibus. Adoro essas árvores torcidas do cerrado com suas cascas de textura crespa, rude. É detalhe que não acaba mais! Sinto um certo conforto nessas árvores, acho-as lindas.
Um casal namorava alegremente à minha frente e eu, graças à árvore e à lua, pude me pôr à salvo de tanta felicidade. Nada contra a felicidade alheia, apenas ela não me diz respeito e, se não me interessa, não me interessa, pensei diluindo a invejinha no céu de brigadeiro.

Ai!, quanta gente num ônibus, meus deuses! Mas havia a janela aberta à minha frente e eu via a cidade em movimento em vez de olhar fixamente para minha própria cara no vidro como as outras pessoas em pé. Eu gosto da cidade passando e passando diante dos meus olhos e escolho as músicas que combinam com a viagem e dou graças aos deuses pelos fones de ouvido porque assim eu posso ignorar toda a conversa e risada e barulho das pessoas - tanta gente, meus deuses, num ônibus só! - e pensar Nele. Ele que tem sido o sorriso por trás da lua cheia que me acompanha até quando me escondo sob os lençóis na cama e mordo o lábio e mal digo minha estupidez e percebo minha falta de esperança nitidamente como se fosse um filme mudo na tv.
Desci do ônibus e olhei a lua me acompanhando até a porta de casa e, ainda que tenhamos nos despedido silenciosamente, ela entrou em casa comigo, comeu e bebeu comigo, tomou banho, escovou os dentes e só não fez as orações comigo ao deitar-se porque sou ateísta. Agora ela não está mais comigo, ela está em mim, girando em seu balé no meu peito. É como ouvir uma caixinha de música muito antiga e como o toque do veludo.

E ele não me deixa dormir não porque tenha roubado meu sossego mas porque me deu em cada sorriso uma desesperança maior e maior que comeu meus sonhos. Por isso não durmo: EleLuar comeu à dentadas meus sonhos.

Com o peito cheio de luar não posso dormir.