domingo, 30 de agosto de 2009

partida

- Quisera eu abraçar-te.
- Tuas mãos estão ocupadas.
- Então abraça-me tu.
Eu o abracei. Ele disse-me ao pé do ouvido que voltaria logo. Sorri como se acreditasse e ele se foi.

Quisera eu, agora, aqui, abraçar-te e somente a ti Homem. Sentir teus pêlos raspando meu rosto. Mas teu coração está ocupado, jamais poderias abraçar-me, não a mim, uma mulher ordinária da cabeça aos pés. Comum.

Nunca fui tua, nunca foste meu. E, no entanto, estás aqui todo em minha memória.

Adeus, Homem.

Minha boca ordinária beija tua lembrança enquanto durmo e te sonho sorrindo como se eu acreditasse na tua volta...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Parei nada!

Parei nada!

Como diria minha avó, a língua é o chicote do corpo... e que chicote!
Eu e minhas resoluções de maria-mole... humpf...
E agora, cá estou eu pensando em línguas e açoites... nada de SM, coisa que me dá medo, tô pensando nos açoites feitos com a língua no corpo, um outro corpo, um corpo desejado, esperado, sonhado...
Tô pensando em bocas e mordidas e na importância dos lábios percorrerem toda a extensão da pele, centímetro por centímetro num exercício que – longe de exaurir – incita, acende...
Tô pensando em gemidos e grunhidos e todo tipo de som desconexo que é a melhor trilha sonora pra ocasião...
Tô pensando na urgência e na calmaria, na danação eterna e no prazer efêmero porém sincero que nos conduz ao paraíso na terra...

Putaqueopariu!

E depois de pensar nisso tudo eu tenho que dormir... Como?!
Eu já tenho insônia só com idéias absolutamente sem graça na cabeçona de mamão, imagina o estado da arte agora!!!
Culpa sua!

Só espero que o mundo não acabe em 2012 porque tenho compromisso em 2013!

E vou tomar meu banho quente e demorado antes de dormir. Só não sei se esse vai me deixar relaxada... Mas seja como for, estou de ótimo humor e amanhã espero acordar com olheiras, como sempre, mas com um sorrisinho nos lábios e, o que é melhor, só eu saberei o motivo. Este é o meu segredo. Putz!, acabou de me ocorrer que agora eu sei porque a Monalisa sorria daquele jeito... eu sei e ela sabia... O que uma idéia não faz com uma mulher?! Amanhã é o dia do meu sorrisinho de Monalisa, e seja o que os deuses quiserem!!!

domingo, 16 de agosto de 2009

Parei!

o beijo ficou nos lábios
o gesto, contido... o carinho retido na ponta dos dedos
a voz na garganta, está lá naquele nó, presa naquela fala engolida a seco
toda a vontade abafada
nada a declarar

o corpo todo indo em direção a outro corpo: só se for em sonho...

Eu quis, mas não fiz. Não me arrependo, apenas lamento não saber como me comportar... A porra da vontade que cresce na mesma medida em que cresce o medo. O Medo. Quisera eu ser destemida...


Eu quero, mas nada farei. Tomei a decisão agora!
Cansei da brincadeira!
Cansei da taquicardia, de rir a toa, do friozinho na barriga, da vergonha, do embaraço, da vontade em stand by suspensa por fios fora do meu alcance...
E, nesta madrugada, dormirei. Só isso.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

madrugada

Tão bom passar a noite acordada, sozinha, no entanto, acompanhada...
Falando da vida, rindo a toa...
Imaginando tanta coisa que eu nunca vivi!
A leitura é realmente um fenômeno impressionante. Aliás, o binômio ler-escrever. Impressionante!

Meu fetiche... ah, insensatez... lá vou eu de novo, não é? Vou sim. Já posso ver os resultados dobrando a esquina vindo na minha direção. Como é que eu posso ser tão previsível? Não sei... é que a porra do friozinho na barriga é bom demais!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

letra por letra

Insone. Céus... Não vou mais ler nada quando chegar em casa. Não vou ler mais blog de seu ninguém!!! Vou chegar amanhã a noite, tomar banho, escovar os dentes e dormir. Se for pra ler, que seja livro de auto-ajuda pra me dar bastante sono e não me preencher com nada a imaginação. Minha acupunturista me receitou um livro que eu coloquei perto da cama em caso de insônia severa. Não que ele seja ruim, o livro, mas é que é basicamente um monte de coisas que eu já sei que tenho que fazer só que sistematizado por outra pessoa...

Você já teve vontade de mergulhar nas palavras de alguém, pessoa que lê isso aqui agora? Já quis mergulhar mesmo, como se um texto fosse como a água das pinturas do Monet, aquelas com as ninféias... aliás, até o nome da plantinha na porra da pintura é lindo! Então, aquelas águas cheias de cores e espessas, com a tinta em relevo ondulante... é assim que eu vejo aqueles textos, como se me convidassem pra um mergulho em suas ondas feitas de tinta e imaginação. E é por isso que eu chego da rua e, ao invés de cuidar da vida, fico sonhando com palavras, de boca aberta, sentindo o gosto das frases... Minha fome é bem outra...
Aí eu leio e releio. Esse é o meu fetiche. Sou uma voyeur dessas palavras alheias à mim. Elas não sabem que eu observo. Elas vivem suas vidas sem se preocupar com o meu olhar. Tento ver pra onde elas apontam. Imagino um vôo como o de Ícaro. Porque a gente escreve e voa pra abraçar o sol. Mas se as asas são de pena e cera não tem problema porque o sol é de papelão e guache. Fica ali pendendo no cenário. Tudo dentro da cabeça da gente. Tudo dentro da minha cabeça. Não sei se isso é uma cabeça ou uma cartola de mágico de quinta...

Os meus olhos cheios de palavras. Letra por letra me devorando de fora pra dentro de forma tão deliciosa e delicada quanto assombrosamente escandalosa. Isso é obsceno!, uma mulher se cobrir com palavras como se fossem um manto. E as palavras, as frases me entram pela pele, pelos ouvidos, pelas pontas do dedos e perturbam todos os pensamentos que tentavam se organizar dentro da cartola. Não há o que se dizer.
Quando alguma coisa me arrebata, foi-se a porra do comedimento pra putaquemepariu! E ai dele se não for!
Quem precisa de precaução quando chega a poesia? Foda-se a precaução! Prefiro a vida. Prefiro a imaginação, a fantasia, todas as palavras. Toda falta de sentido. Porque eu me apaixono pelas palavras e elas são minhas.
Uma vez ouvi que não se pode possuir as pessoas. Eu acho que se pode sim. Porque eu sou possessiva e o que eu considero meu, é meu. Já peguei. Letra por letra, palavra por palavra, frase por frase. É tudo meu agora. Revogam-se todas as disposições em contrário.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

hippie suja

Queria que fosse lua cheia pelos próximos três meses. Talvez três seja um pouco demais, ok, mas que tal até eu terminar o bendito cursinho? É que eu venho andando e a lua é uma ótima companhia. A melhor. Ela vai me acompanhando silenciosamente até eu chegar em casa e continua lá de vigia mesmo quando eu já dormi.
É uma sensação tão boa caminhar com a lua! Agora que as noites estão frias então, putz, sensacional! Sinto-me resguardada, protegida mesmo. Diferentemente da idéia opressora que eu tenho de deus desde que me disseram que ele fica o tempo todo comigo. Nossa, que tristeza eu senti quando me disseram isso! Eu não queria ficar o tempo todo com ninguém, muito menos com deus. Será que ele não tira folga?, perguntei. Não!!! Ele fica o tempo todo, O TEMPO TODO de olho em você, responderam. Até quando estou fazendo cocô?, perguntei. Que pergunta idiota, menina!, me responderam. Fiquei tão impressionada com a tal da onipresença (a palavra eu só descobri muito tempo depois de ter sentido o significado) que desenvolvi um pavor da figura divina. Até hoje tenho medo. Deus me livre de deus!
Mas a lua, a lua não é onipresente, ela só aparece de noite, e mesmo assim tem várias noites em que ela não aparece. Eu gosto muito da idéia de que ela está lá em algum lugar no céu ocupada com suas próprias coisas eventualmente passando pra dizer um oi ou pra me acompanhar enquanto caminho de noite pra casa e aí eu fico feliz só por isso, por estar caminhando pra minha casa de noite.
Hoje eu até parei pra ver uma flor branca numa das árvores aqui perto de casa. E eu só a vi porque ela estava iluminada pela lua, contrastava com as folhas escuras pela falta de luz de poste nas proximidades. E que flor em sã consciência preferiria a luz amarelada de um poste à luz da lua? Certamente não aquela. Se eu fosse flor, também não. O que me deixou pensando agora que eu queria ser aquela flor, ou seja, sou – no fundo no fundo – uma hippie. Ai, credo. Será este o meu fim?! Será que terminarei meus dias fazendo colarzinho de semente e arrastando chinelinha com o cabelo sujo por aí? Que medo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

10 vezes no cartão?

Por que eu me importo? Por que, diabos, eu ligo? Vou fazer um workshop de “como não estar nem aí” este semestre. É, nunca lidei muito bem com a rejeição, não nos primeiros dias, depois fica fácil, minha memória de peixinho dourado ajuda e, mesmo sem querer, esqueço. Mas a porra da memória tá fresquinha ainda. A memória corporal, claro, aquela que a gente fecha os olhos e sente como se estivesse revivendo tudo. Aquela pulsação pelo corpo, aquela agitação, a hesitação, uma certa vergonha, as vontades em pé de guerra... ótima sensação! Putz... e aí é que tá, isso é que é foda: a sensação é tão boa que dá vontade de pôr no repeat, mas chega uma hora em que relembrar não dá mais conta, eu quero é mais uma dose na vida real, de olhos abertos. Mais duas, mais tantas quantas o corpo agüentar. Perder o fôlego, ficar com as pernas bambas. Sensacional. E a imaginação flutua preenchendo todos os espaços possíveis entre o que foi e o que poderia/deveria ter sido... Eita porra...
Deve ser da idade... todo mundo diz que as mulheres com mais de 30 ficam mais... ardentes, pra usar um termo bem bonitinho.
Isso tudo só me faz mesmo é pensar que eu deveria ter permanecido totalmente intocada, nunca jamais ter dado nem sequer um selinho em ninguém, nunca ter sentido nenhum centímetro de pele desejada roçando a minha. Nada de troca de secreções. Nada de ereções, nada de pêlos pubianos, nada de mamilos, de língua, de bocas, mãos, nada de nada. Assim, estou certa, haveria paz, pelo menos nesse sentido pra todos os 5 ou mais sentidos que pode ter uma mulher “ardente” (quase escrevi aldente por engano, mas acho que ficaria até mais divertido...). Detesto querer e não poder. Detesto. Ok ok, daqui a pouco passa, tudo passa mesmo. Então vou parar com isso. Vou parar de ficar falando demais com quem não tá muito a fim de me ouvir também, isso pra parar em único sentido... Ando muito sensível esses últimos dias, sensível por causa dos benditos já falados 5 ou mais sentidos, não aquela coisa de ficar sensível = choramingar por aí até vendo comercial de creme dental o que, ocasionalmente me acontece, mas, enfim, não é esse o caso agora. Agora é a porra da sensibilidade de começar a ouvir tear you apart e ter q andar mais depressa pra chegar logo em casa e fazer uma dancinha ridícula enquanto canto por cima da voz do cara porque essa música é foda e eu também bem que queria sair hoje pra dar uns amassos fortes, mas deixa pra lá... E eu também queria puxar um cabelo e dizer num ouvido I wanna fuckin’ tear you apart. É a minha velha fantasia de que pra dizer eu te amo eu teria que ter dito antes e com a mesma intensidade/paixão vai se fuder, porra! E, no entanto, nunca falei pra nenhum cara se fuder, mesmo querendo muito... ah, deixa pra lá, deixa pra lá.
Vou é tomar um banho e esperar essa sensibilidade adormecer sob a água quente.

Será que tem algum lugar que vende homem que divide no cartão? Quem souber, me avisa!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

nada de novo

Engraçado como a minha vida continua a mesma e, no entanto, eu sou outra pessoa. Bem, eu me sinto outra pessoa. Eu estive lendo umas coisas que escrevi em 2005 e eu sentia as coisas de uma forma bem diferente de agora, muito mais intensa, profunda e fundamentalmente melancólica. Eu vivia entristecida, amargurada pelas decepções, com medo deste futuro que, naquele momento, parecia tenebroso...
Hoje em dia eu ando mais contente do que triste. Continuo tendo dívidas, sem namorado, minha família ainda vive aprontando das suas presepadas, ainda sou professora, estou basicamente no mesmo círculo de amizade...
Esta é uma coisa boa a respeito de se escrever: poder lembrar onde estávamos e onde chegamos, o que mudou, o que permaneceu. As fotografias de 2005 só mostram que eu envelheci de lá pra cá. As coisas que eu escrevi, mostram que eu amadureci. Envelhecer é inevitável, mesmo com botox, lipo, silicone, colágeno, viagra, etc. Amadurecer é uma escolha. Eu ainda uso pijamas de bichinhos quando tá frio, adoro adesivinhos da hellokitty e essas coisinhas que minhas sobrinhas menores de 9 anos também adoram, mas isso também é opção. Quem dá a palavra final nas escolhas delas são suas mães e pais. Na minha vida mando eu. Eu pago o preço de tudo, daquilo que compro, daquilo que acredito, daquilo que tenho que engolir pra ter um trabalho que me permita escolher morar só, deixar a louça acumulando na pia até baixar a pomba-faxineira e eu lavar tudo de luvinhas amarelas e aventalzinho branco.
Bem, infelizmente acredito que a bendita maturidade pra mim não teve a ver com ficar mais esperta. Esperteza não é o meu forte, nunca fui, nunca soube dar "jeitinho" em nada. Ainda não aprendi a ir pelos atalhos. Continuo, pelo menos, não acreditando em estradinha de tijolos dourados...
Ando mesmo é mais cética, mais crua, mais "só acredito vendo" e, assim, tenho conseguido evitar a fadiga e o desespero. O tal do perdão tá mais fácil de ser concedido agora, especialmente pra mim mesma e pras minhas falhas porque, afinal de contas, sem elas eu não seria humana.
A calma talvez seja fruto dos remedinhos homeopáticos em doses alopáticas, vai saber. A mim não me importa saber de onde vem isso, eu quero é aproveitar essa calmaria. Nunca foi tão fácil essa vida. Às vezes dá até medo e eu prefiro ficar em casa de tão calmo que está tudo por aqui.

A vida mudou pra melhor sem ter mudado em nada. Ótimo, não?

domingo, 2 de agosto de 2009

o sonho do corpo santo

- Abra as janelas e deixa o som entrar. Preciso ouvir, preciso ver, eu preciso me lembrar de onde estou. Eu quero me lembrar de onde estou.
- E eu quero que me cubras com palavras como se elas fossem beijos. Quero tuas palavras ditas como pequenos gestos, como se me amasses, como se eu te entendesse, como se a vida eterna estivesse dentro dos teus braços e saísse pela tua boca que, de agora em diante, será santa. E a tua língua no meu corpo será uma língua de fogo de mil idiomas. E tu serás meu evangelho e minha ruína, minha Legião de anjos caídos porque tu próprio és um anjo.
- Quero beijar teu corpo com o cuidado de quem beija um filho e quero morder-te todo, devorá-lo pedaço por pedaço, mastigar tua carne com calma, sendo amorosa em cada mordida, em cada vez que meus dentes escandalosos e minha boca escancarada estiver mergulhando no teu sangue santo porque és o único homem que jamais amei e tua carne é pura. E eu te cobrirei com meus pequenos gestos lentos e devotados todos a ti. E eu te cobrirei com todas as palavras, sílaba por sílaba, como se eu - tua sacerdotisa - estivesse preparando teu corpo para subir aos céus.

Originalmente escrito em 20.07.09

a flor

Eu gosto de vir à São Paulo. Gosto de ser uma completa desconhecida às pessoas e à cidade. Gosto de passar desapercebida, de ser anônima, de me sentir pequena diante desta cidade tão grande. Não ser familiar a ninguém em nenhuma parte desta cidade. Eu a reconheço mas ela não me reconhece, não dialoga comigo. Nós não nos identificamos. Não nos amamos.
Eu gosto de São Paulo e, quando estou em Brasília, sinto saudade daqui como se isso fosse uma pessoa que eu quisesse muito abraçar. E agora, no inverno, passeando de dia pelas ruas, sentindo esse frio da porra, eu gosto mais ainda daqui. O céu cinza nublado, o vento frio e cortante, são o carinho desta cidade por mim.

Outro dia, indo da Paulista pra Augusta, passei por um prédio e vi umas flores lindas no seu jardim e o movimento delas em direção às grades pretas, uma tentativa de se libertarem, eu pensei, de sair do jardinzinho do prédio e invadir as ruas e aí meu pensamento vôo de volta pro sonho quando eu vi, encostado no muro deste mesmo prédio um mendigo no seu cobertor cinza. Talvez fosse pra ele que a flor estivesse se inclinando. Se ela pudesse se desprender do chão do canteiro e passar por entre as barras, talvez fosse pousar naquela palma estendida que todos os passantes, inclusive eu, tentavam ignorar.


Originalmente escrito em 20.07.09

sábado, 1 de agosto de 2009

dançar de todas as maneiras até a exaustão do corpo e da alma...

Não é exatamente ressaca isso. Deve ser uma saudade da noite anterior esse cansaço, essa presença que me amolece o corpo e entorpece as idéias. Não é álcool. É vontade de que a noite não tivesse acabado.
Bocejo longamente.

Vontade de comer uma torta de morango... aqui em casa não tem... aliás, eu é que tenho uma torta pra fazer, uma torta alemã pra um almoço de domingo. Ai que preguiça da vida nessas horas...

Cortei meus cabelos de novo. Dessa vez eu acertei: agora posso sair pra rua do jeito q acordar que o desalinho nos cabelos parecerá extremamente intencional. Faz-me rir, Verônica. Esse acerto é provisório. Pena que os erros nunca sejam...

Pois bem, agora eu vou acordar de verdade, farei a torta, tomarei um belo banho demorado ao som do Barry White (é, o vício voltou) e vou deitar até ter um motivo realmente bom pra deixar o mundo dos sonhos e encarar a realidade.