sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Apenas palavras

Minhas mãos não te conhecem, no entanto, minhas palavras te tocam, beijam teus olhos, acalentam teu coração.
Mordo meu lábio inferior pensando em ti.
As palavras – estes tesouros imateriais – me levam até você e te trazem até mim.
Bebo tuas palavras. Devoro-as e elas a mim.
Você me penetra pela pele e revira meus ossos...

E agora, Verônica? E agora?

domingo, 24 de outubro de 2010

palavras, as suas sementes

As palavras dele me entram pelos olhos e reverberam na boceta.
E eu sonho acordada com olhos me devorando, lindos olhos castanhos, escuros como o Desejo, olhos embrulhados pra presente em cílios longos e negros.
Uma boca me surrurrou um segredo ao ouvido. Lançou as sementes ao pé do meu ouvido.
Durmo sonhando com um Homem. Fantasio sobre seu corpo de homem porque não são cérebros e nem o intelecto que se tocam, são os corpos. O intelecto é o queijo na ratoeira atraindo essa ratinha pra danação. As palavras dele são o cogumelo atômico me varrendo pra fora do meu próprio mapa. Vão me levar de oferenda pro Deus do Vulcão e, desde já, queimo pensando em pernas entrelaçadas, suor bocas pau mamilos boceta.

Isso!, aumenta meu Desejo com o teu intelecto, no entanto, conheça-me com teu corpo, Homem, pois sou mulher e nasci pra ser acariciada pela tua língua quente prenhe de palavras. Sussura o que quiseres ao meu ouvido, faz tuas mãos grandes passearem pelo meu corpo escrevendo as verdades do teu corpo em minha pele. Tatua meu ventre com tuas sementes. Imprima no meu Desejo o teu nome, Homem, pois sou mulher e fui feita pro encontro dos nossos Desejos.

Venha!, me ensina, me redima. É a tua carne na minha que me há de salvar! Fala comigo a língua dos amantes com tua boca olhos mãos pau. A minha boca quer te ouvir.
Homem, que teu intelecto acaricie o meu, como as tuas mãos aos meus peitos. Que teu pau me arrebate como as tuas palavras.

Isso!, encha meus dias de palavras, inunde meu corpo de saliva e palavras.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Perdão, meu Amor

Arrependimento. Arrependimento. Arrependimento.
Essa chaga
Essa brasa
Esse peso
Fantasma
Sombra me seguindo, me atormentando
Por quê?
Porque eu fiz tudo quanto pude, tudo o que estava ao meu alcance pra que Ele me odiasse.
Por quê?
Porque eu não sei amar.
O Amor é um vestido que nunca me coube, não foi feito pra mim...
E assim, de erro em erro, eu quebrei o que havia de lindo entre nós.
Quebrei
E O perdi.
Agora eu quero perdão.
Quero o perdão Dele.
Por quê?
Porque o perdão é o ato de Amor derradeiro.

Eu sei, eu sinto que o Amor Dele foi minha última chance de redenção
E eu o quebrei
Ele acreditou em mim e eu o quebrei
Esfacelei o Amor
Não deixei sobrar nada
E agora com que desfaçatez eu peço perdão...
Com que cara...
Com a cara e a coragem de quem diz a verdade: estou arrependida
Me arrependo de tê-Lo magoado
Não se deve ferir quem não merece
E eu O feri
Agora o arrependimento fez morada em mim e me acaba um pouco mais a cada dia
Rouba um pouco mais de mim a cada dia
Se Ele não me perdoar, acabarão minhas chances de aprender a amar...

Não creio que ele jamais me perdoe.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

assim como?

Pode guardar o teu medo de amar, baby, porque eu só quero sexo. Preciso de um amante prêt à porter. Ele sorriu amarelo e saiu pela tangente.
Típico.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

:/

O tempo dos erros ingênuos acabou-se.
Os erros que cometo agora são frutos - que falta de criatividade e romantismo! - da estupidez... :/

quinta-feira, 29 de julho de 2010

ah, eu quero!

Algo nele me exaspera
alguma coisa excita meus sentidos e a imaginação
e dá vontade
tanta vontade...

Ele quer ser livre
eu também
o problema é que quando eu provo alguma coisa e gosto, quero mais e mais
quero mais é me lambuzar, me fartar
e tem como se fartar dele?
não sei. quero descobrir.

Alguma coisa em mim despertou quando ele me sorriu...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

memória

Ouvindo essa música quente penso em você
todo homem
da cabeça aos pés
lembro do seu corpo
lindo
o todo e cada parte
tão lindo que dói
no meu corpo essa lembrança
só o meu corpo e o seu
meu gozo e o seu
porque olhar você
só olhar você é um prazer
um gozo a mais
e por ter durado tão pouco
permanecerá na memória
(ou na imaginação?)
ahhh, a eterna possibilidade do reencontro
só a possibilidade...
você marcou a ferro e fogo a memória da minha carne
na minha carne, a sua viverá
um fragmento
um instante
só nosso mesmo quando o esquecermos.

Se não posso tê-lo - tanto desejo! -
imaginação (ou memória?) o traz
pra perto
de volta
e é com a mão da memória que tateio
seu corpo
com lábios da memória
beijo
cada beijo
todos os beijos
seu corpo se faz presente
(a mente dos outros ninguém sabe onde anda)
minha mente anda agora a desenhar seu corpo
nosso encontro
esse momento que só existe na memória
(ou na imaginação?)

domingo, 25 de abril de 2010

Ali...

O Amor veio e me tomou de assalto.

Ali, logo ali, na esquina do mundo, mora um homem. Ele me sorriu um dia, com seus lábios perfeitos, com seu sorriso perfeito e, por trás dele, a aurora. O sol nascia enquanto ele me sorriu sonolento. Pronto! Enquanto eu sorria com todos os meus dentes e por todos os meus poros, entre os cascalhos do meu peito brotou essa flor, essa orquídea pequenina: Amor. Pronto! Logo ali, logo ali no meu peito aquela flor! Tanta delicadeza que só podia vir à tona naquela luz, naquele raiar do dia, diante daquele sorriso que eu já havia visto tantas vezes.

Essa flor tão pequenina pesa feito uma tonelada. Por isso tem que ser colhida pela mão da pessoa que a fez nascer ali. Quando a colhem, brotam muitas outras, o peito não fica vazio. Quando não a colhem, como todas as outras coisas vivas, morre aos pouquinhos definhando silenciosamente. Só quem a carrega é que sabe das tristezas do seu pesar e lhe sente o peso. Um dia ela murcha, seca, morre. Pode ser a última flor se o peito for um deserto e não há nada mais triste que um deserto no lugar do coração.

Sei que o meu Amor vai murchar e morrer sem ser colhido, mas há de servir de adubo pra próxima flor. Meu coração não é um deserto. Entre essas rochas nascem rosas, lírios, girassóis, orquídeas e inspiração.

E se o Amor me escapa pelos dedos, me faz cativa. Eu não fujo, me sujeito. Porque o sorriso que me trouxe aos olhos a aurora de outro país, outro continente, outro mundo!, me preenche o peito outrora vazio. E se das mãos aquele homem me escapa, na imaginação me acalenta, é meu Deus ex Machina: apareceu pra salvar minha vida do tédio. Não vai me consertar a história, não é um herói. Eu não preciso de quem endireite minha estrada. Não preciso ser salva (só de mim mesma às vezes...). Eu quero é alguém pra bagunçar o coreto, me tirar do sério, me tirar do prumo, me dar outras direções. E o homem de logo ali veio e fez isso. Veio só pra me dar aquele sorriso e sumir no mundo que é seu e eu não alcanço. Um mundo que eu nem sequer visito. Deus ex machina é você ali, logo ali noutro ponto do mundo. Contudo, sua existência ali é sua existência aqui em mim.

sábado, 20 de março de 2010

caminhada

Pela minha vidinha em linha reta
eu ando torta
meio bêbada, meio boba
meus passos reticentes, meus pés firmes
nesse caminho que eu trilho só
penso nos meus passos, nas minhas pegadas
caminho simplesmente
sigo
vou sei lá pra onde
e quem é que sabe?

se alguém souber, não me diga.

terça-feira, 9 de março de 2010

é..

desculpa pelo soco nos rins e pelo chute quando você já estava caído. é Amor. não posso evitar...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Falsa, eu?

No metrô, gosto de ver a sobreposição de imagens: o reflexo (falso?) no vidro das janelas e portas mostrando o interior misturado com o que quer que esteja lá fora (verdadeiro?) em movimento (falso?).
Imagino se a vida (falsa?) não é sempre assim, essa sucessão de imagens que acredito serem verdadeiras, sei que são falsas, mas desejo que fossem reais e aquelas que não consigo distinguir.
Está escuro lá fora e pelo reflexo da janela, ao invés de estrelas (verdadeiras?), vejo suspensas no céu (falso?) as luzes dos postes. Vejo-me (falsa?) no reflexo (verdadeiro?), não por inteiro, só uma espécie de silhueta. Deve ser assim que os outros me vêem, penso enquanto entramos no túnel.

Quero chegar logo em casa.
Estou entre a apreensão e a ansiedade. Não tenho motivos pra me preocupar, só queria que alguma coisa acontecesse. Alguma coisa extraordinária porque minha vida é calma e ordinária, comum. Coisas boas me acontecessem e eu as percebo porque a vida nem sempre foi boa. Antes, eu desejava que coisas boas acontecessem e o Universo parecia ignorar minhas súplicas. Agora, eu me acostumei com as coisas boas e peço que o extraordinário aconteça, alguma coisa que seja melhor do que o bom, não algo simplesmente raro. Coisas muito ruins também podem ser raras, incomuns (espero que sejam raríssimas de agora em diante). Eu quero o extraordinário ótimo maravilhoso genial sensacional. Porque eu sei que mereço, de vez em quando, que algo assim me aconteça. Porque quando o extraordinário acontecer meu coração vai poder descansar por um tempo.