sábado, 11 de agosto de 2012

à primeira vista...

Foi a primeira vez em que o vi.
Disseram que eu já o havia visto dezenas de vezes ao longo dos anos, mas não, eu nunca o havia visto.
E, sempre que minha horrível memória permitir, continuarei a vê-lo pela primeira vez muitas vezes mais. A beleza de se ter uma péssima memória...
Em poucos segundos, contemplei sua beleza e lhe construí castelos, sonetos, pinturas, serenatas... Lindo!
Meus deuses como pode ser bonito um rosto tão visto, tão familiar?
Nunca o vi.
Hoje o vi pela primeira vez.
Nada lhe disse de importante. Não havia palavras. Teria passado a noite acariciando aquele rosto com meus olhos.
Ele não me viu. Não me percebeu. Pousou a mão sobre meu ombro e eu não estava ali. Era uma figurante naquela cena em mesa de bar.
Ele nunca me viu, nunca me olhou. Não sabe quem sou e não saberá. Sou anônima, sou ninguém. Apenas dois olhos muito bem escondidos por detrás de um par de óculos que o contemplaram.
Nunca o vi.
Ele nunca me viu.
Nunca mais nos veremos e isso é quase tão bonito quanto vê-lo ali, ele e somente ele naquele bar como se olhasse para mim e eu fosse alguma coisa nova diante dele. Quisera ser alguém diante daqueles olhos lindos e que jamais vi...
Foi, já passou, Verônica. Dê-se por satisfeita.
Eu me dou por satisfeita. Que satisfação maior poderia eu ter além de olhar um homem totalmente novo, totalmente belo e desconhecido, portanto perfeito? Numa noite como esta, numa cidade como esta, o que mais eu poderia desejar além daqueles olhos?
Nunca ter lhe falado, jamais tocá-lo, nunca conhecê-lo... Ele jamais será tão perfeito quanto hoje até que eu o esqueça completamente e o veja novamente pela primeira vez.