segunda-feira, 27 de outubro de 2008

punição divina?

Eu obtive aquilo que queria.
Os antigos gregos tinham razão: quando os deuses querem nos punir, realizam nosso desejo...

Sinto como se eu estivesse sempre caminhando contra o fluxo da multidão. Eu sozinha tentando chegar do outro lado de uma rua que parece não ter fim, só gente. Gente me empurrando de volta ao meu ponto de partida. E eu tentando desviar do turbilhão e chegar do outro lado que é onde eu sinto que deveria estar. Eu sei que preciso ir pra lá. Mesmo quando o meu corpo quer simplesmente ser levado pelo fluxo. Não sei quando foi que comecei essa coisa de fazer aquilo que eu acho certo no matter what... Ai que droga! Fazer a coisa certa é uma bosta. Mas eu não posso evitar... Será que é a coisa certa? Bem, espero que seja... Tem que ser. Tem que ser.
É que a coisa errada parece tão mais atraente... linda mesmo, como olhos azuis pequenos e cintilantes me fitando de soslaio e sorrindo... é céus. Tem que ser a coisa certa.

Ai ai ai...
E agora, José?
E agora que Inês é morta, não adianta chorar pelo leite derramado que águas passadas não movem moinhos.
O lance é pegar o limão que a vida dá e fazer a limonada...
ou uma caipirinha, se eu tiver sorte...
Céus! Essa minha cabeçona-de-mamão vazia é o próprio playground do demo! afff...

Melhor eu parar de pensar nesse capítulo de minha vida que mal começou e já tem que terminar, e ir dormir que daqui a algumas horas tenho que estar de pé enfrentando o trabalho... bendito trabalho... ai ai ai...

domingo, 19 de outubro de 2008

chegadas

Cheguei de viagem hoje. Queria poder sempre chegar de viagem nos lugares. Ser uma cigana. Uma errante. Vagar por aí. Poder ir a qualquer lugar pelo menos potencialmente.
Pois bem, cheguei em casa. Pra me dar as boas vindas: muriçocas. Por que, diabos, tem que existir insetos chupadores de sangue, do meu sangue? Putz, não basta eu ter leucopenia, anemia crônica e um coração mole ainda tem essas malditas insetas!

Andando pela avenida paulista eu pensei, hoje, que essa sensação de eterna estrangeira é como a minha leucopenia: crônica e os remédios mudam números, mas não a sensação... é que os remédios nunca me fizeram sentir mais saudável ou melhor (?), menos doente. Parei com eles. Parei de negar a sensação de eterna estrangeira. Preferi abraçar essa sensação. De certa forma é ela que me deixa boquiaberta com as coisas pequenas e lindas e singelas dessa cidade e de todas as outras que eu não conheço bem, que nunca conhecerei. Sou superficial. Geografia não é minha vocação. Etc, etc, etc. muitas desculpas pra me manter afastada de tudo que possa roubar demais minha atenção.

Escrevi um e-mail muito sincero agora pouco. Depois, pensando no que escrevi, achei que ficou até bonito. Estranho como a sinceridade me espanta! É surpreendente que eu ainda possa ser sincera mesmo me contradizendo tanto! É que é tudo verdadeiro no momento em que digo que estou sentindo. Foda é perceber, momentos depois, que já não me sinto exatamente assim como antes... Certas coisas não mudam assim tão facilmente, como o meu amor pelas minhas amigas e amigos ou a ojeriza por determinados tipos de “música”, eu gostaria de enfatizar isso porque senão a vida se tornaria impossível pra mim. Eu gosto de rotina. Preciso de rotina. Horários. Disciplina. Eu não recuso toda forma de autoridade. Não odeio as hierarquias desde que elas se justifiquem como necessárias e merecidas. Eu não sou contra as instituições como a família, o Estado e a Igreja. Tenho fortes restrições a elas, mas quem quiser participar delas, desfrutá-las, vai na frente, companheiro! Cada qual com seus problemas e fetiches e, enfim. Cá estou eu na minha casa sendo devorada viva por muriçocas esfomeadas, ouvindo Los Hermanos e tentando fazer de conta que os cafés tomados durante este dia não estão no comando de tudo agora, como se eu fosse uma marionete.

No avião eu vim pensando que seria bom conhecê-lo de novo. Num outro lugar, num momento diferente. Queria conhecê-lo de novo, me apaixonar de novo. Queria muito me surpreender novamente com um homem quando eu não espero mais nada de Bom dos homens. E caminhar de noite em lugares desconhecidos com a sensação de familiaridade e de estranheza que esses encontros de almas produzem. Acho que deve mesmo ser este o problema: nossas almas se encontraram, mas os nossos mundos não. Então acabamos nos encontrando sempre nos sonhos que sonhamos dormimos e principalmente nos que sonhamos acordados... vai saber... vai saber... quem é que pode viver de sonhos? Vai saber...
Talvez um dia nossos mundos se encontrem, colidam e se fundam. Até lá, não tenho nada melhor pra fazer a não ser viver. E o Amor que encontre o caminho dele, ora bolas!

Será que isso é possível, se apaixonar duas vezes pela mesma pessoa? Eu escrevi isso pra ele hoje. Foi com sinceridade que escrevi. Se amanhã ainda sentirei isso, melhor nem tentar adivinhar... prefiro me concentrar em acertar os números da loteria. É sério isso. Seríssimo!