terça-feira, 14 de julho de 2009

nós que escrevemos

Tô com vontade de retomar a leitura do Nelson Rodrigues.
Estou tentando diminuir a quantidade de chocolate diária que eu consumo.
Mal posso esperar pelo recesso de julho.
Estou tentando parar de tomar café no trabalho.
Voltei a ver o programa do Jô.
Passei a usar rimel lilás, esmalte violeta cintilante e batom vinho intenso.
Sei lá, ando com vontade de lilases e roxos e púrpuras e... sei lá, cores. Estranho, né?
Terminei de escrever minha monografia.

Ahhhh, e ontem eu resolvi testar algo novo: cachacinhas com anis. Ainda não tomei. Acho que vou testar agora. Comprei só por causa da cor: linda! azul! cachacinhas azuis lindas.

Peraí.

É uma delícia! Uma delícia azul sabor anis :> Me deu saudade das gelapingas que eu fazia, especialmente das azuizinhas. Nunca mais fiz gelapingas. Acho que preciso sair pra beber com meus amigos. Preciso extravasar. Bebida é bom pra isso, pelo menos pra mim.
Nossa a cachacinha me esquentou toda por dentro. Adoro esta sensação. Adoro essas cachacinhas doces. Aliás, só gosto de bebida doce. Puuutz, não tivesse que dar aula amanhã, tomaria mais umas delícias azuis.

Acho que vou marcar uma sessão de acupuntura pra véspera da defesa da bendita monografia. Ando bem angustiada com a idéia de ter que defender minhas idéias sendo que boa parte delas nem é minha, é de outras pessoas e eu, fazendo uso da norminha da ABNT pra citações, dei um jeito de emendar direitinho essa colcha de retalhos de citações... A pior parte? Escrever na terceira pessoa do singular. Detesto essa tentativa de imparcialidade, impessoalidade. Pra mim, tudo deveria ser escrito na primeira pessoa, uma forma da gente se responsabilizar por aquilo que escreve. Que haja regras de normalização pra apresentação formal do texto, tudo bem, mas isso é excessivo. É uma babaquice. E me soa tão esquizofrênico! Coisa de personalidades múltiplas que se juntaram pra escrever...

Acho que tá na hora d’eu dormir. Haha, eu já ia escrevendo “está na hora de irmos dormir”. Eu e você, leitor? Não, eu e as entidades que me ajudam a escrever.



[originalmente escrito em 03.07.09]

sábado, 11 de julho de 2009

re-formada

Pois é, me formei. De novo. Em breve, no mês de setembro pra ser mais exata, farei mais uma colação de grau. Adoro colar grau!
Estes últimos tempos foram bem tumultuados por causa da monografia e do emprego e das dúvidas que tudo isso provoca, e por causa do gesso acadêmico porque, como eu disse pra uma das professoras que participou da minha banca, eu estou presa à liberdade. Só depois de ter me ouvido dizer isso é que eu entendi o que eu queria dizer... não sei se ela entendeu, entretanto eu venho de uma formação artística ainda que eu mesma não seja artista. Mas eu gosto de imaginar que algumas coisas ficaram impregnadas em mim depois de tanto contato com as Artes Visuais. Uma dessas coisas é a própria capacidade de me expressar/comunicar/whatever de várias formas me responsabilizando por tudo o que eu produzo. Ainda não acredito que entreguei um texto cheio de colocações na terceira pessoal do singular como se uma entidade imaterial tivesse feito a pesquisa, lido os livros, os artigos de periódicos e tirado todas as conclusões! Detestei o texto pronto! Detestei. Porque eu escrevi e, no entanto, eu não estava ali. Eu gosto de estar naquilo que produzo, de sofrer as implicações, de poder me reconhecer naquilo. Bem, pelo menos vou receber meu diplominha, o que me levará pra uma nova fase, mas nisso eu só quero pensar depois do recesso. Por hora eu pretendo ficar a toa, não ler absolutamente nada, nenhum dos livros que estão empilhados ali me esperando. Vou ver dvd’s, passear pela minha cabeça enquanto fico deitada embaixo dos edredons olhando pro teto do meu quartinho, vou tomar banho demorado e que os deuses me perdoem pelo desperdício de água, mas alguma coisa eu tenho que fazer pra relaxar esses ombros que insistem em se projetar pra frente, curvados pelo peso de tudo o que não é nem um pouco bacana na vida adulta... Enfim, “90% de transpiração e 10% de inspiração”, alguém já falou isso sobre o trabalho artístico e eu estendo pra vida adulta.
De qualquer forma, foi muito bom olhar pras minhas professoras naquele ritual de passagem e me sentir grande, gente grande, sentir que eu realmente sei alguma coisa e que eu realmente posso fazer a diferença, basta eu mover este traseiro magro depois do recesso e me juntar com mais algumas pessoas interessadas em fazer algo de significativo pra escola e pelos alunos. As coisas podem dar certo desde que um número razoável de pessoas acredite e trabalhe pra isso. Tô otimista, me perdoem.

E aí teve aquele “incidente” no qual eu revi a adolescente bobalhona que existe aqui co-habitando minhas entranhas junto com mais um tanto de personagens desajustadas, mal-amadas, cômicas, trágicas, felizes, suicidas, mal-resolvidas ou plenamente interessadas em viver. É um tanto de gente numa pessoa só: eu. Difícil harmonizar essa multidão de eus em tão pouco espaço... Voltando à adolescente bobalhona: eu fui muito bobalhona quando adolescente, tinha medo de tudo e de todos quando não odiava tudo e todos e acabava totalmente descolada do mundo em que me jogaram pra viver. E eu era inocente, tadinha!, vivia apaixonada pelos caras mais improváveis do Universo. Vivia eternas tragédias como se ninguém no mundo jamais tivesse vivido o que eu vivia... essa mania de superlativos dos adolescentes é que irrita mais, eu acho...
Foda é ver que um desses caras improváveis continua igaulzinho! Pelo menos a carinha linda continua a mesma... E aí ele sempre desperta essa adolescente bobalhona em mim nas poucas vezes me que a gente se esbarra pela vida. Felizmente foram poucos esbarrões. Detesto essa sensação de não ter chances com um cara porque ele simplesmente não me enxerga. É como eu disse hoje pra uma amiga: como é que se resolve esse tipo de coisa? Eu tenho que sair com uma plaquinha com o nome dele como faz aquela galera nos aeroportos? Mando publicar no Diário Oficial que eu sou visível a partir desta data? O quê? Quando um cara vê a gente e não enxerga, não adianta fazer malabarismos porque quando ele finalmente enxergar, a gente vai ter gasto toda a energia, todo o repertório e não vai ter sobrado nenhum ânimo... Melhor deixar pra lá. Se por acaso nos esbarrarmos de novo? Sei lá, provavelmente vai dar no mesmo: eu vou me sentir uma anta, vou ficar fantasiando feito o cara do scrubs enquanto faço cara de quem está prestando atenção na conversa e vou torcer pra poder olhar aquela carinha linda de nerd lindo mais um pouco.
Detesto me sentir vulnerável. Detesto saber que as coisas não vão dar em nada.
Melhor mesmo é ir pensando no que farei com as minhas horas vagas agora que me formei. De novo. Ficar a toa nunca me fez nenhum bem.

Boa noite, Brasil.