sábado, 14 de março de 2009

Carnaval do Mal 2009 - Rio de Janeiro

Continuando com as viagens de carnaval com as amigas, esse ano a foi pro Rio de Janeiro. Eu já havia ido antes há alguns anos. Mas foi diferente, os blocos e as amigas. Da outra vez eu saí muito de noite, dessa vez foi mais de dia o que me rendeu o meu melhor bronzeado desde que era criança e passava os finais de semana brincando no clube SODESO. Claro que os cínicos fazem pouco caso da situação porque eu não voltei com a aparência de frango de padaria ostentado por quem passa os dias se esturricando sob o sol. Enfim, tô bronzeada, mas espero que isso não dure muito já que essa corzinha a mais não combina em nada comigo e minha vida entre paredes e concreto do trabalho pra casa, de casa pro trabalho. Por isso que eu me recuso a passar blush: eu não quero parecer saudável. Não quero enganar ninguém. De saudável eu não tenho nada mesmo, “parecer” só por parecer não faz sentido nenhum... fora que blush só me lembra mesmo é festa junina e eu acho ridículo quando vejo mulheres com as bochechas falsamente rosadas em outra época do ano. Tá na lista de abominações seguindo os sapatos brancos e camisa pra dentro da calça.

Voltando ao carnaval: o Rio de Janeiro ainda é lindo. Lindo e imundo.
fétido
exuberante nas praias, nas montanhas...
e ainda tem as míticas mulatas, o samba, a feijoada e o carnaval
é feio e sujo e pobre
muito pobre
tanta gente dormindo nas ruas, vivendo nas ruas...
corta o coração
enche os olhos tanta alegria, tanto colorido
tanta gente linda!
a juventude zona sul fazendo valer cada centavo, cada minuto investido em malhação
bandos de paquitas oxigenadas sobrevoando a orla
manadas de pitboys performando rituais de acasalamento
como, diabos, pode uma cidade tirar o fôlego da gente assim?! Linda linda linda
azul e quente
dourada
emoldurada com pedra portuguesa preto e branca
a gente anda e dá vontade de cantarolar a porra do barquinho no mar
o banquinho e o violão
e a gente sorri sem saber bem por quê
tropeça nos mendigos marrom-acinzentados e engole a seco com pena e medo
muito medo
porque a gente sabe que no dia da Revolução muitas cabeças vão rolar,
inclusive a minha, encardida e confusa: um pouco de tudo
pra, no final das contas, não ser nem preta e nem branca
cabeça mestiça, parda
perdida no Rio de Janeiro...

Mas o Rio não é cidade pra mim não. Bonita e exuberante demais. Quente demais. Não dá pra gente andar sem suar nessa cidade! Quem agüenta?! Não tem vista do Pão de Açúcar que me faça preferir havaianas e short à allstar e calça jeans... Gosto do concreto da minha cidade. Aqui é quente e seco. Mas posso ter esperanças de friozinho no início e no final do dia pra tomar banho morninho e, no próximo inverno, usar o cachecol que eu mesma tricotei combinando com a blusa de frio e todo o mais. Achei o Rio lindo como me lembrava dele, mas amo demais meu cerrado, meu planalto central, e só saio daqui se for pra morar um lugar mais frio. Taí, Brasília, minha declaração de amor à você.