terça-feira, 11 de agosto de 2009

letra por letra

Insone. Céus... Não vou mais ler nada quando chegar em casa. Não vou ler mais blog de seu ninguém!!! Vou chegar amanhã a noite, tomar banho, escovar os dentes e dormir. Se for pra ler, que seja livro de auto-ajuda pra me dar bastante sono e não me preencher com nada a imaginação. Minha acupunturista me receitou um livro que eu coloquei perto da cama em caso de insônia severa. Não que ele seja ruim, o livro, mas é que é basicamente um monte de coisas que eu já sei que tenho que fazer só que sistematizado por outra pessoa...

Você já teve vontade de mergulhar nas palavras de alguém, pessoa que lê isso aqui agora? Já quis mergulhar mesmo, como se um texto fosse como a água das pinturas do Monet, aquelas com as ninféias... aliás, até o nome da plantinha na porra da pintura é lindo! Então, aquelas águas cheias de cores e espessas, com a tinta em relevo ondulante... é assim que eu vejo aqueles textos, como se me convidassem pra um mergulho em suas ondas feitas de tinta e imaginação. E é por isso que eu chego da rua e, ao invés de cuidar da vida, fico sonhando com palavras, de boca aberta, sentindo o gosto das frases... Minha fome é bem outra...
Aí eu leio e releio. Esse é o meu fetiche. Sou uma voyeur dessas palavras alheias à mim. Elas não sabem que eu observo. Elas vivem suas vidas sem se preocupar com o meu olhar. Tento ver pra onde elas apontam. Imagino um vôo como o de Ícaro. Porque a gente escreve e voa pra abraçar o sol. Mas se as asas são de pena e cera não tem problema porque o sol é de papelão e guache. Fica ali pendendo no cenário. Tudo dentro da cabeça da gente. Tudo dentro da minha cabeça. Não sei se isso é uma cabeça ou uma cartola de mágico de quinta...

Os meus olhos cheios de palavras. Letra por letra me devorando de fora pra dentro de forma tão deliciosa e delicada quanto assombrosamente escandalosa. Isso é obsceno!, uma mulher se cobrir com palavras como se fossem um manto. E as palavras, as frases me entram pela pele, pelos ouvidos, pelas pontas do dedos e perturbam todos os pensamentos que tentavam se organizar dentro da cartola. Não há o que se dizer.
Quando alguma coisa me arrebata, foi-se a porra do comedimento pra putaquemepariu! E ai dele se não for!
Quem precisa de precaução quando chega a poesia? Foda-se a precaução! Prefiro a vida. Prefiro a imaginação, a fantasia, todas as palavras. Toda falta de sentido. Porque eu me apaixono pelas palavras e elas são minhas.
Uma vez ouvi que não se pode possuir as pessoas. Eu acho que se pode sim. Porque eu sou possessiva e o que eu considero meu, é meu. Já peguei. Letra por letra, palavra por palavra, frase por frase. É tudo meu agora. Revogam-se todas as disposições em contrário.