quinta-feira, 1 de novembro de 2007

lá se foi o Poder...

A limpeza do ralo do banheiro me deu a sensação de que eu poderia fazer qualquer coisa. Era uma sensação ótima, associei logo ao empowerment que já tanto li nos textos de feministas mas que, até então estava no plano das idéias porque eu sei o que alcancei, mas nunca me senti uma mulher no poder, no comando. Nunca antes do ralo.

Fiquei também com aquele trecho da música “amor I love you”, aquela dos tribalistas em que o Arnaldo Antunes recita um trecho da obra do Eça de Queiroz: “... e seu orgulho dilatava-se como um corpo ressequido que se estira num banho tépido. Sentia um acréscimo de estima por si mesma e parecia-lhe que entrava, enfim, numa existência superiormente interessante”. (Ah, como escrevi isso daí de memória, é bem provável que coisas estejam fora do lugar e que outras palavras façam parte da versão original... :/ mas o que importa é a essência!) Enfim, eu estava me achando detentora da chave de todas as portas até que...

Até que ela apareceu por aqui, invadiu meu quarto, me deixando em frangalhos! Lá se foi todo o meu poder e, preenchendo a lacuna, gritinhos de mulherzinha aterrorizada... Tanto pânico por causa de uma maldita barata! Felizmente sempre tenho inseticida em casa em lugar acessível.

Obviamente eu não poderia terminar com o infortúnio (meu, claro!) rapidamente. Não! Tinha que demorar, ter suspense! a barata tinha que se esconder atrás do guarda-roupa. Bem, depois de gastar meia lata de inseticida e dos meus pulmões e garganta (eu juro que tento ao máximo das minhas forças, mas os gritinhos são mais fortes que eu...), ela rendeu-se e foi se esgueirando até o banheiro já totalmente fora de si e eu pude desferir os golpes fatais: tasquei álcool na bichona e ela morreu rapidamente. Lembrei que uma colega de trabalho, acho que foi a Cláudia, me deu a dica do álcool. Ela havia dito um dia que o álcool resseca a barata e nós rimos enquanto eu pedia aos deuses pra não ter que experimentar esta solução que exigia tanta proximidade com estas criaturas odiosas. Agora agradeço aos deuses por não ter aderido ao álcool em gel!

Depois que a nojentona parou de espernear, pra ter certeza do óbito, borrifei X14 nela. Nem se mexeu, estava morta. Tão morta quando minha deliciosa sensação de Poder... :/

Voltei ao rol das mortais e admito que preciso de alguém por perto pra me proteger do infortúnio das baratas. Meu querido amigo Val, que comentou num outro post sobre a vantagem dos pés quentinhos, eu prefiro as meias, e não me acostumo a dormir abraçada por mais que eu me esforce, mas juro pra você que eu teria dormido grudada no Gustavo feito uma sanguessuga se ele estivesse aqui e tivesse me salvado de tanta adrenalina! Que merda, né? Depois de tantas lutas e conquistas eu ainda sofro da síndrome de Branca de Neve ou qualquer personagem de contos de fadas que tem que ficar esperando ser salva... Ai como eu odeio as baratas! Pior foi ter passado o resto da noite conjeturando sobre uma possível invasão de baratas. Elas sentem o cheiro do medo, no meu caso, do pavor. Nem dormi direito por causa dessa conspiração de baratas. E hoje, com certeza, terei que ir ao supermercado comprar mais inseticida...

Detalhe: qual a peça que estou ensaiando com meus aluninhos? “O Casamento de Dona Baratinha”... affff... Mas na peça é tudo lindinho e fofinho e engraçadinho, como os bichinhos de pelúcia. Mas barata nem como bicho de pelúcia! Alguém já viu bicho de pelúcia de barata? Ou de muriçoca? Os únicos insetos razoáveis pra esses fins pelucísticos são as joaninhas e as borboletas.

Um comentário:

jana disse...

Putz esse texto do seu blog me fez lembrar de um livro que li a muito tempo atrás, Complexo de Cinderella de Colette Dowling. Também odeio insetos...principalmente as murisocas...como as odeio. Bom sorte sua comprar um ventilador, tah calor msm..aff!!! Então passando para deixar um olá e uma beijoca e um bom final de semana. Hum enfrento baratas, mas as murisocas ganham de lavada com os meus gritos...risos =o