terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Falsa, eu?

No metrô, gosto de ver a sobreposição de imagens: o reflexo (falso?) no vidro das janelas e portas mostrando o interior misturado com o que quer que esteja lá fora (verdadeiro?) em movimento (falso?).
Imagino se a vida (falsa?) não é sempre assim, essa sucessão de imagens que acredito serem verdadeiras, sei que são falsas, mas desejo que fossem reais e aquelas que não consigo distinguir.
Está escuro lá fora e pelo reflexo da janela, ao invés de estrelas (verdadeiras?), vejo suspensas no céu (falso?) as luzes dos postes. Vejo-me (falsa?) no reflexo (verdadeiro?), não por inteiro, só uma espécie de silhueta. Deve ser assim que os outros me vêem, penso enquanto entramos no túnel.

Quero chegar logo em casa.
Estou entre a apreensão e a ansiedade. Não tenho motivos pra me preocupar, só queria que alguma coisa acontecesse. Alguma coisa extraordinária porque minha vida é calma e ordinária, comum. Coisas boas me acontecessem e eu as percebo porque a vida nem sempre foi boa. Antes, eu desejava que coisas boas acontecessem e o Universo parecia ignorar minhas súplicas. Agora, eu me acostumei com as coisas boas e peço que o extraordinário aconteça, alguma coisa que seja melhor do que o bom, não algo simplesmente raro. Coisas muito ruins também podem ser raras, incomuns (espero que sejam raríssimas de agora em diante). Eu quero o extraordinário ótimo maravilhoso genial sensacional. Porque eu sei que mereço, de vez em quando, que algo assim me aconteça. Porque quando o extraordinário acontecer meu coração vai poder descansar por um tempo.