sábado, 17 de janeiro de 2009

sexta insana

Não é nada fácil manter o caos sob a camada tênue de gelo...
Manter a pose, a agenda e o sorriso nos lábios
Manter a calma
Engolir cada estocada como se não fosse nada
Como se nada fosse
Suportar tudo com bom-humor
Suportar, agüentar, tolerar
Até quando?
Até quando?
Até o limite da sanidade...
Até meu limite.

E aí, um simples não torna-se insuportável. E eu me rebelo contra tudo e contra todos e preparo meu ataque a uma presa indefesa e fodam-se todas as conseqüências porque nada me importa naquele momento de ira e...

Orgulho ferido é uma merda.

Agora, o que está feito está feito. Mas e o que acabou ontem? O quê? Se nada existia, como é que pode acabar? Mas havia alguma coisa sim, algo inominável. Algo que estava me devorando de dentro pra fora enquanto eu fazia de conta que estava tudo bem, tudo sob controle.
Não se pode controlar os sentimentos dessa forma, Verônica, cai na real!
Caí.
Doeu.
Não quero mais essa realidade bipartida. Quero uma só realidade. Uma em que O Homem seja meu. Não quero só os erros. Não quero só o corpo, a mácula. Quero tudo. Pelo menos as frustrações de um homem completo assim valem mais a pena. Não quero me dar pela metade.
Porque foi um tempo muito bem gasto é que é foda ter que esperar por mais. Se todo o tempo tivesse sido ruim, não teria durado tanto. Não teria durado nada. Mas foi bom. Foi ótimo pra ser sincera. E toda a culpa se esvaía naquele par de olhos, naquela boca, naquela voz...

Então estou pulando de fase. Encerrando uma a força, na marra, muito sem querer na verdade. A outra fase, mesmo que vazia, é outra e isso é o que deveria importar. Novos erros, novas frustrações. Pelo menos alguma novidade e a promessa de que talvez alguma coisa se encaixe nessa porra de quebra-cabeças que a gente chama de vida.
Pouco importa. Acho que ele me odeia. Não deveria. Entre todas as pessoas no mundo, ele não deveria me odiar. Deveria me pôr no colo e dizer vá viver sua vida, menina. Uma sem mim, uma só sua. E adeus, menina.
Achei que não ia me apegar. Me apeguei e dancei. Dancei bonito. Fazia tanto tempo que eu não vacilava assim... anos... mas quando o Desejo aparece, tantas outras coisas somem, desaparecem. A experiência foi pro saco, ficou só o Desejo.
Muito foda isso! Sabe quando você olha pra um cara e simplesmente você o quer no matter what? Pois é. É uma merda isso. É o Desejo. Porque, nesses casos, sempre há um impedimento moral, legal, sei lá. A gente só deseja tanto porque não pode ir lá simplesmente e pegar aquele homem e pronto. Se pudesse, seria só a tranqüilidade da reciprocidade, ainda que com alguns atropelos. Mas quando a gente quer um homem e não pode, fode tudo! E não adianta me dizer que me quer também e não pode. Isso não é consolo, é gasolina!!! Aí meu corpo em chamas sai correndo em disparada, sai correndo até encontrar uma contenção.

Agora o inominável acabou de um jeito triste, sem nem um tchau, sem nem um beijo de despedida. Sem nada.

O Desejo, esse não termina aqui não. Esse vai comigo aonde eu for ainda por um tempo. Esse vai me fazer olhar pra os lados pensando que talvez ele esteja por perto. E mesmo que eu não veja mais, tenho certeza que minhas pernas ainda vão tremer só de pensar nele porque ele é O Homem que eu quis e que me quis e que nada aconteceu entre nós para além do Desejo. Essas coisas mal-resolvidas nunca acabam.