quinta-feira, 18 de setembro de 2008

sertão

eu sei exatamente o que eu quero.
eu o quero.
mas esse não posso tê-lo.
uma bosta, né não?
eu ia escrever né não, santa, mas mudei de idéia. sei lá de onde baixei esse santa. hoje de noite tô com isso na cabeça. sabe-se lá de onde vêm essas palavras...
acho q sou bem mais nordestina do q poderia supor tendo nascido aqui no DF... :/
sabe-se lá de onde a gente vem, afinal...
devo ter vindo do sertão do Cabrobró mesmo
porque pareço com a caatinga
e mesmo com tanta água jorrando dos olhos, me sinto seca, ríspida, um deserto faltando pouco, pouquinho mesmo
as noites longas
os dias intermináveis
e quentes
porque eu detesto calor
este é o meu inferno: quente como a porra desta cidade agora
é engraçado imaginar a porra da cidade...
a cidade gozando...
de repente todos os boeiros jorrando esperma
rio sozinha
não tenho pra quem contar essas coisas sem sentido que vão fazendo o percurso do fundo das minhas idéias até às pontas dos meus dedos
e as idéias vem e vão, como as palavras, numa maré q morre em ressaca nesse teclado empoeirado
lembro sempre dos olhos de ressaca da Capitu embora nunca os tenha visto
olhos de ressaca...
acho q deve ser uma das coisas mais dolorosas pra uma pessoa q ama enxergar nos olhos do ser amado...
agora fiquei triste pq estou aqui e ele tá em outro lugar
num universo paralelo
e ele me lembra o mar
e deve estar com outra menina agora e sei q isso é mais q normal porque, no final das contas, eu tô sempre só mesmo
eu sou a caatinga bruta e ele é o mar
indo e vindo
indo e vindo
sempre longe
nunca perto
sempre aqui nas minhas memórias forjadas porque eu não consigo manter as memórias verdadeiras... elas se apagam quando fecho os olhos pra lembrar
nunca lembro das coisas como aconteceram
sempre tenho uma versão do diretor prontinha pra viagem
lembranças fast food, sabe?
não sei se há outro jeito de se lembrar da vida...

e sinto uma saudade infinita de conversar com ele, de poder falar e ouvir
falar e ouvir
diálogo, não solilóquio
queria poder conversar horas e horas e horas sobre tanta coisa que acho q nem saberia por onde começar e ficaria muda por muito tempo esperando as idéias se acalmarem na minha cabeçona de mamão
conversar...
tem tanta coisa aqui, tanta coisa sobre a Vida, a Morte, a Arte... mas as pessoas só querem falar de novela, da vida alheia e de tantas outras idiotices q de nada me interessam
q diabos me interessa saber da vida de fulano ou cicrano da tv? eu não tenho nada com isso!
tão pouco me interessa a vida dos meus vizinhos, da parentália ou dos colegas de trabalho! eu não quero saber da vida de seu ninguém! eu mal dou conta da minha! eu não dou conta nem da minha vida, como é q posso ter tempo pra me interessar por fofocas?!
eu até gosto quando as pessoas me contam sobre suas vidas, as pessoas q eu conheço e com as quais me importo, fique registrado, pq detesto desconhecidos me tratando como se fôssemos amigos de infância. só me angustia não poder fazer nada além de ouvir pq cada pessoa deve fazer o q considera melhor pra si. e eu só posso ouvir. às vezes até faço algum comentário, mas duvido q isso possa ajudar alguém. acho q o q ajuda mesmo é só desabafar. é bom poder desabafar. eu tb gosto, às vezes. mas minha vida é chata, nada de novo acontece e eu não tenho muito - na verdade é quase nada mesmo - pra desabafar. só tenho reclamações. aí venho aqui e vomito tudo. vomito até o último suspiro. pq escrever é preciso. escrever é tudo o q eu realmente posso fazer pra me sentir livre. mas eu sei q nunca fui e nem nunca serei livre. ninguém é. sinto muito, humanidade, somos todos prisioneiros da nossa bendita sociedade, seja lá qual ela for.

capaz do meu nariz começar a sangrar agora...
capaz de começar a chover agora...
capaz d'eu dormir agora...
capaz de todo o desejo em mim simplesmente sumir agora bem assim puff! sumir...

q desperdício esse coração tão cheio e as mãos tão vazias...