segunda-feira, 1 de setembro de 2008

a rosa

lembro de ter lido uma vez num poema que o poeta andava torto por causa dos mortos que carregava consigo num lado.
lembrei disso porque escrevi que terei uma lembrança comigo como uma ferida aberta.
uma dor que me acompanha e ao invés de cicatrizar, floresce como uma rosa. acho que tatuarei uma rosa vermelha no peito bem em cima da dor.
tatuagem dói pra ser feita. talvez dê pra compará-las, uma sobre a outra
uma latejando sobre a outra
cada uma pulsando no meu peito
eu nunca quis tatuar essas coisas bobas, clichês, mas acho que uma rosa é necessária no peito que dói. não uma rosa desabrochada plenamente, uma que dê a sensação de que ainda falta um pouco pra alcançar sua plenitude. porque sempre há o que doer em mim. a dor é sempre superável por outra pior... quando acho que já doeu tudo o que havia pra doer, lá vem outra onda e... me arrasta pra o fundo do mar...
uma rosa vermelha. vermelho carmim, como o sangue.
porque eu detesto sangue de verdade, mas adoro vermelho sangue.
tatuar pra não me esquecer o que tenho vivido até aqui. tudo pode ser condensado num desenho. toda a vida pode estar ali, naquele rastro de tinta sob a pele, cravado nas entranhas, marcado como o rosto duma puta velha.
mas que ninguém me pergunte o motivo de ter tatuado uma rosa piegas e vermelha no peito porque não quero lembrar da dor que ela representa ali cicatrizada no meu peito. a dor que não cicatrizará. a própria Vida e suas escolhas ridículas e inúteis e, porra!, odeio ter que deixar a Vida decidir por mim. tenho vontade de passar-lhe uma bela duma rasteira e gargalhar de sua cara imbecil. hahahahahaha, toma no seu cú, Vida filha da puta! hahahahahahahahaha
um dia ela me paga!

Um comentário:

Anônimo disse...

"porque eu detesto sangue de verdade, mas adoro vermelho sangue."
AMEI essa frase! Posso colocar no meu yakult? =)