quarta-feira, 14 de maio de 2014

sei de cor

quanta coisa cabe num coração!
quanta coisa cabe num coração?
tanta mágoa sentida e ressentida,
amores com finais triste e meios tão felizes e até o contrário...!?
(a menina escolha o ponto e a tinta pra cerzir e pintar seus amores, faz favor de ficar a vontade)

cabe de um tudo neste coração rasgado e remendado tantas e tantas vezes que parece que foi pra isso mesmo que ele nasceu
brotou no meio do peito mirradinho, coitado, neste corpo que mal sustenta a própria sombra...
brotou ali por vontade maior, vontade sua, à meia distância da memória e do desejo porque não pode ser nem uma coisa e nem outra e deve ser as duas.
nasceu, se acostumou e foi ficando.
o que é que há de se fazer, menina?
é olhar o caleidoscópio dos dias e soprar os dentes de leão das noites...

e se a memória é falha, menina, vem e vai ao seu próprio (des)governo,
embaralha tudo nesse seu movimento pendular aí dentro da cabeça e confunde o que foi bom com o que houve de pior no percurso da vida pra trás,
tempera tudo ao seu gosto,
a memória é ruim porque se desfaz pra dar uma chance à vida da menina de se reinventar,
pra menina ter chance de rir.

a memória é ruim pro coração se manter um tiquim melhor, menina.

2 comentários:

Luis Gustavo Brito Dias disse...

- ou a memória é ruim para enganar o coração, menina?

Verônica Lima disse...

Não sei, Luis Gustavo.
Talvez as duas coisas se alternem, talvez não seja nenhuma das opções anteriores...