segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

carta de amor

Qualquer pessoa que me conheça minimamente sabe o quanto minha memória é insubordinada, aleatória e - sobretudo - fraca. Por isso tenho tanta dificuldade em de desfazer de coisas; nelas reside minha memória fora de mim. Quando as toco, as lembranças emergem. É uma sensação boa. Eu gosto de lembrar de ocasiões, de pessoas, de sentimentos. Gosto porque é difícil.
E agora, continuando esse exercício de desapego que tenho feito nos últimos dias, brota entre recibos e receitas médicas uma carta de amor que recebi em 2004. O cara nem fala mais comigo, no entanto, a carta está aqui e eu não a jogarei fora porque é preciso que ela me lembre que eu vivi isso. A carta ainda fala comigo. Achei bonita e triste, mas mais bonita que triste. 
A vida muda tudo, e eu preciso que algumas coisas permaneçam inalteradas. Coisas. Cartas, fotos, cartões. As pessoas mudam. Eu mudei. 
As coisas permanecem inalteradas e ao meu alcance e me trazem a memória que escapuliu de mim pra elas.